Dona Ana Pimentel
Ana Pimentel não ocupa o lugar merecido dentro da história de São Paulo durante o período colonial. O reconhecimento foi dado ao seu marido Martin Afonso de Sousa. De origem nobre espanhola, nasceu em Salamanca, Ana Pimentel, dama de honra da rainha D. Catarina, casou-se com Martim Afonso de Sousa, de quem teve oito filhos. Foi a primeira mulher a exercer o cargo de governadora na América Portuguesa, com os poderes a ele inerentes.
Ana Pimentel passou por cima das ordens dadas por seu marido, que proibiu colonos de subirem a serra permitindo o acesso a essas terras de clima mais agradável e o solo mais fértil. Ela é responsável pela introdução do cultivo de trigo, arroz, e a criação de gado, ela também providenciou o cultivo de laranja para combater a doença que atacava os embarcados, o escorbuto se dava pela carência de vitamina C no organismo.
A incumbência de administrar a capitania foi passada à Dona Ana Pimentel, por procuração, com data de 3 de Março de 1534. Ignora-se a data precisa da partida de Dona Ana Pimentel para o Brasil, mas tudo parece indicar que haja sido após 1536.
Foi em 1545 que Ana Pimentel nomeou Brás Cubas capitão-mor e ouvidor da capitania, e contrariou ordens dadas por seu marido, autorizando o acesso dos colonos ao planalto Paulista, onde a terra era mais fértil e o clima mais ameno. Ao proibir os colonos de subirem a serra, Martim Afonso de Sousa pretendia evitar que portugueses se instalassem nas terras de índios aliados, provocando conflitos que pudessem colocar em risco o projeto colonizador. Em 1546 Dona Ana Pimentel considerou desnecessário tal zelo e revogou a proibição. Com essa decisão, homens e mulheres, os primeiros habitantes de São Paulo, partiram à procura do planalto, “dez a doze léguas pelo sertão e terra a dentro”, como relata Padre Anchieta, acrescentando: “despenharem-se, e por ser o caminho tão mau e ter ruim serventia, padecem os moradores e os nossos grandes trabalhos.”
Ana Pimentel é considerada uma precursora do feminismo no Brasil, que naquela época tinha a mulher como propriedade passada de pai para marido com o objetivo meramente de procriar.
Ana Pimentel alavancou a modernidade o desenvolvimento econômico e político da Capitania, Ela sabia ler, escrever e contar numa época em que cabia às mulheres apenas as atividades do lar. Consta que, em São Paulo, no século 17, apenas duas mulheres sabiam assinar o nome. Em 1545 elevou o povoado de Santos à categoria de Vila.
A FUNDAÇÃO DA VILA DE SANTOS
Ana Pimentel ocupou seu espaço plenamente em um período que a sociedade era comandada pelos rigores da igreja e o autoritarismo patriarcal.